O corpo humano no vácuo do espaço. O que realmente acontece?
Já vimos em muitos filmes hollywoodianos astronautas que morrem no espaço ou personagens que são expostos ao vácuo. Nós congelamos instantaneamente? O sangue entra em ebulição? Explodimos? Nada disso! Sabemos com certeza que morremos no vácuo pela falta de oxigênio, mas o que mais acontece?
Considera-se que o vácuo seja a total ausência de matéria (visível ou invisível) em determinada região. Isso inclui os gases (como o oxigênio), que são responsáveis pela nossa sobrevivência. Logo, o vácuo não é seguro para quem está sem traje espacial. No primeiro momento, o oxigênio é expelido dos pulmões, fazendo com que a pessoa perca a consciência (por falta de oxigenação no cérebro) em cerca de 15 segundos. Depois disso, não demora mais do que dois minutos até que os órgãos parem de trabalhar e a pessoa venha a óbito.
A NASA diz, em seu site oficial, que em 1965 ocorreu uma experiência acidental com humanos no vácuo. Durante uma simulação, o traje de um astronauta (cujo nome não é divulgado) se rompeu. Ele ficou consciente por 14 segundos e em seguida desmaiou; logo em seguida, foi iniciada a despressurização do simulador e ele sobreviveu. Seguindo o relato, a NASA afirma que, quando recobrou a consciência, o astronauta disse ter ouvido o oxigênio saindo de seu corpo, assim como sentiu muita água em sua língua e a sensação de que ela estava fervendo.
E se eu prender a respiração?
Se a pessoa não tentasse segurar a respiração, ela teria chances de sobreviver algo em torno de 30 segundos sem danos permanentes. Já o fato de segurar o ar nos pulmões poderia ocasionar danos muito maiores. É o mesmo motivo pelo qual mergulhadores têm de cuidar ao retornar à superfície. Quando estão submersos, o pulmão se contrai por causa da pressão. Quando começam a emergir, o pulmão começa a voltar ao tamanho normal. O problema ocorre por causa da própria água! Os gases – no caso, dentro do pulmão do mergulhador – tendem a se dissolver nos líquidos quando existe uma diferença de pressão razoável. Ao emergir, a diferença de pressão diminui e o gás diluído começa a formar bolhas de ar nas veias da pessoa.
Congelamento, sangue fervente e outros mitos
Realmente é possível que o sangue sofra reações anormais no vácuo, mas dentro do corpo ele jamais ferveria. Ainda nas veias e artérias, o sangue não obedece às leis físicas que se aplicam ao vácuo e, por isso, não reage como faria em um ambiente sem matéria.
Outro mito é em relação à temperatura no vácuo. Caso o indivíduo estivesse na sombra, a temperatura iria cair bruscamente. Mas dos três tipos de trocas de calor (condução, calefação e radiação), apenas a radiação ocorre no vácuo, além de ser muito lenta. Literalmente, você morreria antes de congelar. Agora, se o indivíduo se postasse olhando para o Sol, as queimaduras devido à falta de filtração dos raios UV (por não existir atmosfera), seriam absurdas.
Uma cena do cinema muito lembrada é do filme “O Vingador do Futuro”, com Arnold Schwarzenegger. Em uma cena, ele aparece sem traje de segurança, em um planeta remoto, e seus olhos explodem. Isso é impossível, pois não há pressão suficiente no corpo humano para que ele cause “explosões”.
No entanto, até agora, somente três pessoas morreram devido à exposição ao vácuo. Em 1971, a Soyuz 11, que carregava três astronautas russos, sofreu um processo de descompressão durante a reentrada, quando ainda estava no espaço. O acidente resultou na morte dos três tripulantes. Quando a equipe de solo chegou ao local de pouso, encontrou os três em um estado que foi definido como “pareciam estar dormindo”.
E depois da morte, o que acontece com o corpo?
Suponhamos, portanto, que uma pessoa seja exposta ao espaço e morra por lá, sem proteção. O corpo também não iria se decompor da maneira como pensamos, já que não existe oxigênio. Se estivesse próximo a uma fonte de calor, por exemplo, o corpo poderia se mumificar. Senão, iria congelar. No entanto, se o corpo estivesse dentro de uma roupa de astronauta, iria iniciar o processo de decomposição até acabarem as reservas de oxigênio. Seja qual for a condição, o corpo no espaço duraria muito mais tempo sem o ar, que é um fator extremamente facilitador do desgaste e da degradação. O cadáver poderia flutuar pela vasta imensidão do espaço por milhões e milhões de anos.
E se apenas uma parte do corpo, como as mãos, por exemplo, ficasse exposta ao vácuo do espaço? O que aconteceria? Me pergunto isso desde o tempo desse filme citado no texto.